O Covid-19, vulgo “coronavírus”, veio interferir, de uma forma inaudita, nas vidas quotidianas de todos nós. Esta pandemia tem sido um forte teste às nossas capacidades de resiliência, organização, solidariedade e sentido de pertença. É também uma oportunidade de fomentar novos sistemas de trabalho (teletrabalho) ou de educação (e-learning e b-learning).
Com o evoluir da pandemia, muitas pessoas, incluindo alunos, terão que ficar em casa. As escolas e universidades têm que organizar atividades de aprendizagem não presenciais. Neste campo do ensino e da educação está aberta a possibilidade de usar outros meios, já há muito ao nosso alcance, para fazer aprender.
Não se aprende apenas – e talvez nem sempre tão bem – com as aulas magistrais, em que um professor, centro do saber, expõe a matéria e, supostamente, o aluno, quer dizer, todos os alunos, aprendem, ouvindo. Sabe-se hoje, por via dos estudos desenvolvidos pelas várias Ciências da Educação (Psicologia, Sociologia, História), mas também pelas Neurociências, que, para a aprendizagem ser efetiva, terá de ter algum significado para o aprendente e este terá de construir o seu próprio conhecimento. Caso contrário, o aluno até pode ouvir o que o professor disse, ir para casa e estudar a matéria e no dia seguinte responder a questões que testam tal matéria, mas isso não significa que o aluno tenha aprendido efetivamente, pois o que acontece é que a maior parte da informação memorizada é perdida.
Uma das formas de tornar a aprendizagem significativa é, além de ir ao encontro dos conhecimentos e experiências anteriores dos alunos e de procurar pontos de interesse, proporcionar também atividades de aprendizagem que envolvam o uso das novas TIC. Um conjunto de atividades bem planeadas, bem desenhadas e que possam constituir um desafio para os alunos, usando suportes digitais, podem ser bastante motivadoras. Por outro lado, propor aos alunos atividades de aprendizagem que exigem da sua parte pesquisa, análise e seleção de informação, discussão com outros dessa mesma informação, construção de uma síntese pessoal e estruturação de uma apresentação dessa síntese permite uma aprendizagem ativa de modo a que cada aluno construa o seu próprio conhecimento.
Eis uma excelente oportunidade para experimentar – sem medos! – a modalidade de e-learning (ensino as distância) e b-learning (um misto de ensino presencial e à distância), que envolverá, necessariamente para alunos mais jovens, a participação dos encarregados de educação. A não deslocação dos alunos à escola não implica necessariamente que o ensino e aprendizagem não continuem. Apenas terão que efetuar-se noutros moldes.
Eis o que se pode fazer através de algumas ferramentas digitais muito práticas:
- aulas online através de webconferência (Teams do Office 365, Zoom, Skype, Hangouts do Google, Colibri, etc.);
- disponibilização de materiais de estudo (Teams do Officer 365, Google Drive, OneDrive, Dropbox, Google Classroom);
- testes ou questionários (forms do Office 365, Google Forms, Nearpod);
- fóruns de discussão e para partilha de dúvidas (publicações no Teams do Office 365);
- para quem não tiver uma LMS, como Moodle, Google Classroom ou Teams, um blogue pode ser a forma mais simples de conseguir interagir com os alunos propondo atividades, dando orientações, partilhando informações;
- algumas atividades mais interativas, como um glossário, uma wiki ou quaisquer outras estratégias em função das especificidades das disciplinas, podem ser feitas com as mais variadas ferramentas.
Muitas vezes, trata-se de um ensino assíncrono: os professores publicam tarefas e aulas gravadas e os alunos concluem o trabalho em momentos diferentes; os professores respondem usando comentários e, às vezes, feedback de vídeo ou áudio gravado através de uma plataforma on line.
Já temos uma primeira experiência (no segundo semestre do ano letivo anterior) de e-learning e b-learning. Estamos na altura de aprofundar essa experiência – com conhecimento, com cooperação e, sobretudo, com consciência de que é necessário, mas também possível, fazer diferente. Esta é, pois, uma excelente oportunidade para os professores experimentarem novas estratégias de ensino e utilizar novos meios, e os alunos alargarem o seu conhecimento nas TIC, voltadas para o futuro mercado de (tele) trabalho.
Prof. Miguel Portugal