O “tal dia das Mulheres” - O dia que se celebra sem que a nossa sociedade compreenda verdadeiramente a sua importância. Não se arrepia do orgulho que deveríamos ter, tanto mulheres como homens. A emoção com que este dia se tornou internacional, porque existe história, existe luta, existe morte, existe sofrimento, existe evolução, existe um novo pensar, há a tentativa de um mundo mais justo e NÃO SEXISTA… Mas ainda há culturas com pensamentos enraizados de costas voltadas para a liberdade e igualdade de género!!!
A mulher, portadora de dons e qualidades únicas, dignifica toda a sociedade. E foi preciso uma revolução, assim como é necessária uma luta diária, para colocar a mulher no lugar da cultura, da política, de acesso ao poder, de liberdades… Uma luta destemida, sofredora, individual ou coletiva, pela conquista de espaço num mundo que é de Todos!
As mulheres, ao longo da vida, deixaram a sua marca de persistência... Apesar de todo o preconceito contra elas, a misoginia, a indiferença social, esta aversão e desprezo pelos indivíduos do sexo feminino, existe um desígnio em cada uma para deixar uma pequena marca, quase sempre discreta e não assumida publicamente, mas existem muitas que ficarão marcadas para sempre. Ergueram uma bandeira que marcou como nosso o território feminino também alcançável.
Assim foi criada uma data memorável. Surgiu pela primeira vez a 19 de março de 1911 na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça, em 1975, as Nações Unidas promoveram o Ano Internacional da Mulher e em 1977 proclamaram o dia 8 de março como o Dia Internacional da Mulher. Um dia cuja origem assume várias explicações. Uma delas é a própria luta das mulheres operárias por mais direitos e melhores condições de vida nas fábricas. Junte-se a isso, o movimento sufragista que reivindicava o direito ao voto.
A escolha pelo 8 de março deu-se também porque neste dia, em 1917, as mulheres russas protestaram exigindo melhores condições de vida. A manifestação reuniu mais de 90 mil pessoas e a data tornou-se assim oficial, sendo reconhecida pela ONU em 1977 como o Dia Internacional da Mulher.
Existem muitas mulheres que desbravaram caminhos para chegarmos onde estamos hoje.
Liliana Chaves, Assistente Social PIICIE - CMV
Destacam-se as mulheres Portuguesas inscritas como pioneiras na história de Portugal.
Rainha Santa Isabel
Lembrada por muitos pelo “Milagre das Rosas”, Isabel tinha 11 anos quando foi prometida em casamento ao rei D. Dinis. Desde cedo que a sua personalidade se fez notar pelos valores mais humildes: era culta, sensível, corajosa, mas, acima de tudo, generosa. A rainha tentava sempre ajudar os mais necessitados. Alimentou vários pobres durante a grande fome que assolou Coimbra em 1293, com farinha do seu próprio celeiro; pagava os dotes de raparigas necessitadas e a educação dos filhos de fidalgos sem posses. Criou instituições para acolher e auxiliar doentes, mandou edificar hospitais em Coimbra, Santarém e Leiria, bem como albergarias para mulheres.
Maria II
Com sete anos viu o seu pai a abdicar do trono de Portugal a seu favor. Casou, mais tarde, com o seu tio D. Miguel, nomeado regente e lugar-tenente do reino em 1826. Foi através de um levantamento absolutista liderado pelo regente que, a 23 de Junho de 1828, este se autoproclamou rei de Portugal.
Foi apenas quando terminaram as Guerras Liberais que D. Maria assumiu o governo de Portugal, a 24 de setembro de 1834, apenas com 15 anos de idade. Este reinado – marcado pela sua coragem – foi bastante atribulado pela guerra civil e por revoltas militares (Marechais) ou populares (Maria da Fonte e Patuleia). Mãe de onze filhos, acabaria por falecer no último parto.
Adelaide Cabete
Foi a primeira e única mulher a votar em Luanda, onde viveu, sob a nova Constituição Portuguesa.
Acredita-se que Adelaide tenha impulsionado, com sucesso, muitas outras a reivindicarem os seus direitos, uma vez que foi pioneira nisso. Esteve mais de 20 anos na presidência do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, onde reivindicou o direito de todas as mulheres terem um mês de descanso antes do parto e também o direito a votar.
Carolina Beatriz Ângelo
E por falar no direito ao voto, não nos podemos esquecer desta mulher: a primeira a votar em Portugal.
Numa época em que apenas os cidadãos portugueses, com mais de 21 anos, alfabetos e chefes de família podiam votar, Carolina usou a inteligência e o poder da argumentação para conseguir um direito hoje consagrado a todos.
Mas este não foi o seu único feito. Foi também a primeira médica portuguesa a operar no Hospital de S. José, em Lisboa, sob a orientação de Miguel Bombarda. Também foi Membro da Maçonaria e da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, onde costurou, juntamente com Adelaide Cabete, a bandeira da República Portuguesa hasteada a 5 de Outubro de 1910.
Florbela Espanca
“Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui… além…
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente…
Amar! Amar! E não amar ninguém!”
Batizada como Flor Bela Lobo, a poetisa optou por escolher outra assinatura para as suas obras. Foi como Florbela d’Alma da Conceição Espanca que escreveu os mais famosos e emblemáticos poemas, guardados a sete chaves na nossa história da literatura. Sempre com um sentimento de tristeza, inquietudes e sofrimentos, as suas obras são hoje estudadas e lidas em quase todas as salas de aula.
Amália Rodrigues
Cantora e atriz, levou o fado consigo pelo mundo inteiro e fez dele o maior estandarte de Portugal. Intuitiva, perspicaz, profunda e carismática, Amália Rodrigues é uma figura incontornável da nossa história, e foi muito além da música. Nasceu numa “casa portuguesa, com certeza”!
Maria de Lourdes Pintasilgo
Um nome sonante que viria a ganhar força em 1979, quando o Presidente da República de então, Ramalho Eanes, a convidou para o cargo de primeiro-ministro, a primeira (e ainda a única) na nossa história.
A engenheira química, que liderava movimentos feministas e estudantis, ocupou esse cargo apenas durante seis meses, mas apesar desse curto tempo ainda conseguiu estabelecer as bases para um sistema de segurança social para todos, empregados ou desempregados.
Ana de Castro Osório
Impulsionou a literatura infantil e é conhecida pela primeira vaga feminista em Portugal.
Começou por publicar vários contos em pequenos folhetos e, mais tarde, faria nascer a literatura infantil em Portugal, através de várias publicações e peças de teatro. Ana Osório foi também uma das primeiras cronistas no feminino a exprimir-se sobre causas sociais.
Em 1905, publicou “Às Mulheres Portuguesas”, o primeiro manifesto feminista português.
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